No dia em que se inicia em Viseu, o julgamento de mais um crime de violência exercida sobre uma mulher, não pode o MDM ficar indiferente. Joana Fulgêncio tinha apenas 20 anos quando a 17 de Novembro de 2009 foi encontrada morta apresentando sinais de ter sido brutalmente espancada, presumivelmente pelo namorado.
Trata-se de um caso muito triste que evidencia uma realidade social dolorosa: não obstante a igualdade formal entre homens e mulheres, a verdade é que as mulheres em pleno séc. XXI continuam a ser alvo de profundas discriminações e sujeitas aos mais variados tipos de violência, desde a violência psicológica à física e sexual.
Apesar da intensa propaganda, as medidas legislativas e os planos públicos adoptados têm tido um reflexo tímido na vida das mulheres, que hoje vivem pior, sendo públicos os casos decrescente violência em pares cada vez mais jovens, dentro e fora do casamento, nas relações de intimidade.
A emergência da violência e a crueldade com que é praticada entre pares de jovens em fase de namoro, exige da sociedade e do Governo um outro olhar no combate aos estereótipos, às causas da violência, um outro investimento na educação para a sexualidade e para os afectos.
O MDM, já em 2006, alertou para esta realidade emergente, produzindo materiais pedagógicos e realizando acções de educação não formal nas escolas, no sentido de contribuir para a prevenção deste fenómeno, continuando a fazê-lo no desempenho da sua actividade mobilizadora das mulheres para a defesa da sua auto-estima e luta emancipadora. Também em Viseu esta acção tem sido e continuará a ser desenvolvida.
Consideramos que é urgente que o Estado assuma o seu papel, intervindo directamente junto dos estudantes, implementando de facto a educação sexual nas escolas, a educação para a igualdade de género, visando introduzir o respeito mútuo e o reconhecimento do valor dos afectos e da autonomia dos indivíduos, bem como o respeito pelo lugar das mulheres na sociedade e o combate a todas as violências sobre as mulheres.
Responsabilizamos o Estado pela implementação de políticas que assegurem o acesso à saúde, à justiça, a um efectivo acompanhamento das mulheres vítimas de violência, garantindo o alargamento da rede pública de casas-abrigo. Responsabilizamos o Estado pela necessária valorização do estatuto económico, social e político das mulheres, de modo a transformar a vida das mulheres portuguesas no reconhecimento da sua dignidade dando passos significativos no caminho da igualdade de facto.
Apelamos a todas as mulheres, nomeadamente às mulheres viseenses, que se empenhem nesta batalha pelos direitos das mulheres como direitos humanos, que lutem pela dignidade que nos pertence.
Estará patente ao público a partir de 1 de Maio e até ao dia 30, no Instituto Português da Juventude (IPJ) em Viseu, a Exposição intitulada «A Saúde da Mulher – do desejo à realidade».
Algumas referências na exposição:
• Portugal é o 2º país da Europa com maior número de mães adolescentes
• Lista de espera é 10 vezes superior à de Espanha. Tempo médio para primeira consulta aumentou de 2005 para 2006
• Desde 2006 mais de uma dezena de maternidades foram encerradas. Em Junho de 2007, 260 mulheres portuguesas deram à luz no Hospital Materno Infantil de Badajoz. Os partos em ambulâncias aumentam exponencialmente.
• A IVG - uma batalha ganha, de ímpar alcance
• A contracepção - a grande conquista das mulheres no século XX
• As queixas de violência doméstica duplicaram em Portugal nos últimos oito anos. Desde 2000, o número de agressões participadas às autoridades tem crescido a um ritmo preocupante: uma média de 11,2 por cento por ano. Segundo publica o Jornal de Notícias, há oito anos a PSP e a GNR registaram 11 162 denúncias, enquanto em 2006 o número de participações atingiu as 20.595.
Notas biográficas: Manuela Silva, licenciada em História, professora (aposentada). Dirigente da Direcção Nacional do MDM e responsável pelo núcleo de Aveiro, onde coordenou vários projectos de intervenção ao nível da promoção da Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens.
Foi no âmbito de um desses projectos, que se realizou o filme "De Mãos dadas com o Medo".
Este projecto "Participar, Partilhar a Igualdade", foi premiado, em 2007, no âmbito do Ano Europeu da Igualdade, como o melhor trabalho, nesta área, realizado no Distrito de Aveiro.
Vai participar também na Tertúlia a Joana Lima, urbanista, colaboradora do Projecto do MDM "Participar, Partilhar a Igualdade".
O núcleo do Movimento Democrático das Mulheres de Viseu
O MDM é uma organização de mulheres ligado à luta pela plena integração e emancipação das mulheres numa sociedade de paz, justiça e progresso social, liberta da opressão, da exploração e de discriminações.
O MDM tem como objectivos fundamentais:
O MDM é ,hoje, o Movimento feminista mais antigo no nosso país. Implantado a nível nacional e na emigração, viu no ano de 2004 reconhecido o seu estatuto de parceiro social, objectivo por que se bateu durante muitos anos. Nessa qualidade veio ainda nesse mesmo ano a integrar o Conselho Económico e Social, que constitui um importante espaço de intervenção.
E acabamos de nascer Ontem Viseu!!!