Segunda-feira, 22 de Março de 2010
Maria Alda Nogueira: Uma mulher, Uma vida, Uma história de amor (IV)

 No dia do 87º aniversário do seu nascimento a partir de hoje publicaremos a transcrição integral de um texto da autoria de Helena Neves, com edição do Movimento Democrático das Mulheres (MDM) sobre Maria Alda Nogueira. Foi publicado em 1987 por ocasião da entrega pelo MDM da Distinção de Honra, numa homenagem a uma vida dedicada à defesa da igualdade, da justiça social e da paz.

 

(Continuação)

Encontros e retornos de uma mulher

ADOLESCÊNCIA - A AMIZADE    
Na adolescência, no liceu recebe influências ainda mais determinantes.

«No liceu tive como professora Maria Manuela Palma Carlos, uma mulher admirável que me despertou para as ciências humanas, para a literatura. Conheci também a Irene Alice de Oliveira, professora de História que me alargou a visão de história, do mundo e a Alice Graça, professora de Física, uma mulher republicana que tinha pertencido à Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, uma mulher interessantíssima, muito avançada para a época e a Maria José Estanco, em Desenho. Todas elas me influenciaram. Muito

A adolescência é, também, a descoberta de amizades ainda mais profundas, enraizadas. A descoberta da amizade feminina. Da solidariedade feminina.

«No liceu, conheci a Cecília Simões, de quem me tornei muito amiga. E a Helena Magro. Passámos a andar sempre juntas. Tornou-se a minha amiga do coração. A Helena era quase como irmã, era a minha grande amiga, e acompanhou-me sempre. Ela foi para a clandestinidade primeiro que eu, mas estive a tomar a última refeição com ela. Sim, foi a minha melhor amiga cuja morte na clandestinidade eu senti muito

A amizade, a solidariedade entre mulheres, essa vivência nova, emotiva, plena, diferente, descobre-a Maria Alda neste tempo de juventude, festa, riso, conivência. Marcando-a. Definitivamente.

«Para além das amigas muito chegadas e próximas, eu gostava de viver em grupo também, de me juntar a outras colegas e amigas diferentes.

Juntas representávamos, fazíamos teatro, declamávamos, divertíamo-nos num simples encontro de todas em casa de uma de nós. Parodiávamos as professoras e a cada uma de nós. Até com os Lusíadas fizemos teatro. Assim nos divertíamos, nos conhecíamos, nos amávamos na amizade da alegria nascida.

Talvez isso correspondesse a uma necessidade (pelo menos em mim) de compensar a parte negra da vida vivida no próprio bairro, à nossa volta, por toda a parte sob o fascismo.

Ou talvez seja simplesmente porque como me disse um dia o médico, eu tenho o coração tão dilatado que cabe cá quase todo o mundo.

Aliás, esta necessidade de ter não apenas uma mas várias amigas, cada uma com o seu feitio, com as suas características, com os seus defeitos e boas qualidades, manteve-se e mantém-se uma constante da minha vida.

Ainda hoje eu amo as pessoas com os seus defeitos (e elas amam-me naturalmente com os meus), mas o que quero dizer é que sem esse grande grupo de amigas e amigos que ficam e estão (em pensamento é claro) sempre junto de mim, eu não conseguiria viver, estivesse onde estivesse.

Talvez por não ter tido nunca irmãs, talvez por encontrar nelas, e nas mulheres em geral aliás, muitos pontos de contacto, no sofrimento, na alegria, na expressão duma e doutra, ou talvez por procurar imaginar, enriquecer o conhecimento do humano na prática, neste caso o humano feminino, reflexo da imperecível imagem de minha mãe.

O meu irmão mais novo (Carlos Alberto), que nasceu quando tinha dezoito anos, foi uma nova etapa na minha vida e, nessa data, uma etapa de grande alegria. Quando pequenino eu passeava-o sempre que podia e mais tarde passeávamos, íamos à Tapada da Ajuda ali perto de casa, aos lindos jardins de Lisboa (Estrela e Conde d’Óbidos eram os mais frequentados por mais perto, mas também outros)

(continua)

                  


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Sexta-feira, 19 de Março de 2010
Carta ao Director

Duas notas a propósito da (não) abordagem do «Jornal do Centro» aos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, o que lamento.

1. A proposta de criação de um Dia Internacional da Mulher foi apresentada em 1910, na 2.ª Conferência Internacional de Mulheres, pela alemã Clara Zetkin. A referida Conferência teve lugar em Copenhaga, em Agosto de 1910, e precedeu o Congresso da II Internacional. Presentes 100 delegadas oriundas de 17 países, que aprovaram resoluções contra a invasão da Finlândia pelas tropas russas, pela manutenção da paz, pela protecção social das crianças e das mulheres trabalhadoras e pelo sufrágio universal das mulheres.

A proposta de Clara Zetkin de criação de um Dia Internacional da Mulher estipulava uma acção internacional comum pela emancipação das proletárias e pelo sufrágio universal: «Em acordo com as organizações políticas e sindicais do proletariado nos seus respectivos países, as mulheres socialistas de todos os países organizarão todos os anos um dia das mulheres que, em primeiro lugar, será consagrado à propaganda a favor do voto das mulheres (…). Este dia das mulheres deve ter carácter internacional e ser cuidadosamente preparado».

2. O que me leva à segunda observação. O Dia Internacional da Mulher no distrito de Viseu foi festa, alegria e convívio. Mas também luta, debate e reflexão. Neste ano de centenário subsistem, em Portugal também, discriminações, desigualdades, novas formas de obscurantismo. 

Assistimos à degradação generalizada das condições de vida, com sucessivos aumentos dos bens essenciais e dos serviços públicos sem aumentos salariais condignos. As mulheres em Portugal são as primeiras a serem despedidas, são a maioria dos desempregados deste país. As mulheres recebem cerca de 30% a menos dos salários dos homens e 60% das reformas. A maternidade está mais penalizada, aumentam as ameaças à igualdade e qualidade de vida das mulheres. 

Como se vê por este breve resumo existem muitas e variadas razões para as Mulheres assinalarem o seu dia, o 8 de Março.

 

Mafalda Serralha (Núcleo do Movimento Democrático de Mulheres de Viseu)

In jornal "Jornal do Centro" - Edição de 19 de Março de 2010

 

 


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Sexta-feira, 1 de Maio de 2009
A saúde da Mulher - do desejo à realidade

 

 

Estará patente ao público a partir de 1 de Maio e até ao dia 30, no Instituto Português da Juventude (IPJ) em Viseu, a Exposição intitulada «A Saúde da Mulher – do desejo à realidade».

 

Algumas referências na exposição:

• Portugal é o 2º país da Europa com maior número de mães adolescentes

• Lista de espera é 10 vezes superior à de Espanha. Tempo médio para primeira consulta aumentou de 2005 para 2006

• Desde 2006 mais de uma dezena de maternidades foram encerradas. Em Junho de 2007, 260 mulheres portuguesas deram à luz no Hospital Materno Infantil de Badajoz. Os partos em ambulâncias aumentam exponencialmente.

• A IVG - uma batalha ganha, de ímpar alcance

• A contracepção - a grande conquista das mulheres no século XX

• As queixas de violência doméstica duplicaram em Portugal nos últimos oito anos. Desde 2000, o número de agressões participadas às autoridades tem crescido a um ritmo preocupante: uma média de 11,2 por cento por ano. Segundo publica o Jornal de Notícias, há oito anos a PSP e a GNR registaram 11 162 denúncias, enquanto em 2006 o número de participações atingiu as 20.595.


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