O dia 28 de Maio foi instituído como o Dia Internacional da Acção pela Saúde da Mulher no IV Encontro Internacional da Mulher e Saúde, durante o Tribunal Internacional de Denúncia e Violação dos Direitos Reprodutivos (1984, Holanda).
Decorridos 31 anos da consagração desse dia, continuam a morrer, antes e durante o parto, milhões de mulheres e meninas no Mundo, por falta de cuidados de saúde.
Hoje é internacionalmente reconhecido que a saúde da mulher é um barómetro do desenvolvimento humano, e como tal deve ser vista pelos responsáveis pelas políticas públicas de qualquer país.
Em Portugal, com as transformações operadas com o 25 de Abril, com a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) particularmente com a generalização dos Cuidados Primários de Saúde em todo o território nacional, alcançaram-se elevados progressos na saúde da mulher, garantindo o direito de acesso ao SNS para todos mas assistimos hoje à crescente destruição de direitos na saúde.
As vulnerabilidades resultantes da situação económica, baixos salários e pensões, desemprego precariedade, opressão e abusos sexistas nas empresas, levam inevitavelmente a uma maior necessidade de recorrer aos Serviços de Saúde. Porém, nos últimos dez anos, os governos encerraram maternidades, centros de saúde, serviços de urgências, valências e urgências hospitalares, aumentaram as taxas moderadoras, cortaram nos transportes de doentes, diminuíram os profissionais nos serviços. Criaram as condições para a fuga de enfermeiros a.s. e médicos a.s. e criaram obstáculos à aquisição de medicamentos e materiais de tratamento, aos exames complementares de diagnóstico, remetendo muitas vezes os doentes para serviços privados, que assim são favorecidos por políticas desumanas.
Constatamos a escassez de meios nos cuidados continuados e paliativos quando se prevê um grande aumento de patologias debilitantes e do foro oncológico que carecem desses cuidados; o desrespeito pela saúde sexual e reprodutiva e pela função social da maternidade, nas condições de emprego instável, precário e desregulado; a incapacidade de dar resposta atempada e eficaz às vítimas de violência doméstica ou às consequências do assédio moral no trabalho ao nível da saúde mental e emocional.
Garantir a saúde da mulher em todo o ciclo da sua vida é assegurar direitos e promover a autonomia e a emancipação das mulheres. Por isso o MDM assume a urgência de lutar por políticas que garantam um serviço Nacional de Saúde, no respeito pelo direito à igualdade das mulheres e dos homens também na saúde.
Quinta-feira, ao fim da tarde, o Núcleo de Viseu estará na Rua Formosa em Viseu, denunciando a urgência de lutar pela saúde da mulher, numa iniciativa que apela à mobilização das mulheres, na certeza de que esta situação, pela sua vontade, pode e deve ser mudada.