Durante este mês convidamos-te a passar pelo IPDJ e dar o teu contributo para a Manta que ali está a nascer
Evocando o Dia Internacional da Mulher, decorreu ontem, nas instalações do IPDJ em Viseu, uma tertúlia que reuniu mais de meia centena de mulheres e homens, dispostos a reflectir as questões da igualdade, da discriminação e emancipação da mulher.
Em ambiente de festa, o grupo feminino Girafoles, deu o toque para a abertura das intervenções, um poema de Manuel Sá Correia, a tonalidade para as muitas palavras ditas no feminino e no masculino e as exposições envolventes, o colorido próprio da festa que este dia também deve ser.
Foram quinze as oradoras convidadas, com diferentes idades e profissões, singulares percursos de vida, divergentes posturas face à problemática da discriminação das mulheres. Todas elas afirmaram que, “se não fossem mulheres…gostariam…de ser mulheres!”, valorizando este estatuto, apesar de questionarem os papéis que socialmente lhe estão associados.
Em debate vivo, foram abordados os caminhos difíceis da conciliação entre a vida profissional e a vida familiar, as resistências no acesso ao poder e cargos de chefia, a luta travada pela afirmação em contextos de trabalho onde predominam os homens, a violência instalada no quotidiano de muitas mulheres. Não faltou a referência ao desemprego, à precariedade, à repressão exercida pela cultura reinante predominantemente masculina.
Foi fácil concluir que há domínios profissionais, os mais feminizados, onde é mais difícil perceber os sinais da discriminação mas também que, ser mulher e exercer poder, não significa, só por si, respeitar direitos essenciais à mulher, enquanto pessoa humana.
Muitas outras mulheres foram convidadas a dar o seu depoimento mas, por razões que se prendem com a interiorização profunda da desigualdade instituída, entenderam não estar presentes. Eram mulheres com fracos níveis de escolaridade, trabalhadoras não especializadas, a quem a sociedade por norma dá menor atenção e protagonismo, que são repetidamente excluídas, tendo por isso mesmo a sua participação cívica diminuída e a quem é preciso dar visibilidade e voz.
Inevitável, perante isto, é perceber que a desigualdade entre homens e mulheres é apenas uma face da desigualdade que estrutura a sociedade portuguesa e que atira para a margem uma parte significativa dos cidadãos e cidadãs, homens e mulheres de corpo inteiro, força activa e interventiva na construção de um país que é de todos os portugueses mas que é afinal mais de uns que de outros.
Entre o público, encontrava-se uma turma de alunos do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo a quem foi lançado o desafio de trabalharem para a construção de um “Manta de Retalhos”, em representação daquele agrupamento.
Este apelo é extensivo a todos quantos se desloquem àquelas instalações, e queiram colaborar com este projecto do MDM – Viseu.
A finalizar este evento, ficou a promessa de multiplicar conversas pois em cada intervenção realizada trazia o desafio para muitas outras tertúlias bem como o apelo ao envolvimento da sociedade em acções que diariamente contribuam para esbater as desigualdades.
As próximas iniciativas estão já agendadas para o mês de Abril, mês da resistência e da conquista da liberdade.
Reportagem pode ser vista em http://www.original-ms.com/
"Na próxima terça-feira o Parlamento Europeu vai votar em Estrasburgo um relatório que aponta as medidas da austeridade como uma das principais razões para o aumento das desigualdades entre homens e mulheres na União Europeia. O relatório foi apresentado esta semana em Bruxelas e entre os e as eurodeputadas dos vários grupos partidários a conclusão é óbvia: as mulheres são as maiores vítimas da crise europeia.
Este relatório, que analisa o impacto da crise económica na vida das mulheres, foi elaborado pela Comissão de Direitos da Mulher e Igualdade dos Géneros (FEMM), que tentou apurar se houve de facto um agravamento das condições de vida das europeias. As conclusões do documento apontam que as medidas de austeridade, implementadas nos países sujeitos a planos de ajustamento, “estão a debilitar o estado-providência, a ampliar as discrepâncias na sociedade e a dar origem a injustiças sociais e económicas ainda mais significativas, incluindo desigualdades de género”. Esta será a mensagem levada pela FEMM, não só ao PE mas também à Comissão Europeia, num encontro informal com Durão Barroso que também decorrerá na terça-feira.
Apesar de problemas como a discrepância salarial entre homens e mulheres, a maternidade e a representação feminina em cargos de topo, quer políticos quer empresariais, já serem discutidos na Europa há muito, com a crise estas tendências agravaram-se abruptamente. Os salários entre os dois sexos aproximaram-se - devido principalmente à descida dos vencimentos dos homens e ao aumento de desemprego em sectores tipicamente masculinos, como a construção civil -, mas as mulheres europeias continuam a ganhar, em média, menos 16,2% que os homens (em Portugal a diferença é de aproximadamente 13%).
Para a redactora principal do relatório e vice-presidente da FEMM, Elisabeth Morin-Chartier, esta diferença ocorre porque é a mulher que “paga os custos da maternidade”. Um estudo da OCDE revela que por cada filho a mulher perde 12% do seu salário e, segundo o Eurobarómetro apresentado também esta semana, a percepção dos europeus é que o critério mais importante no recrutamento de uma mulher é ter ou não filhos. Esta realidade é acentuada pela actual “redução das prestações sociais que ajudam na conciliação da vida pessoal e da vida profissional”, segundo a eurodeputada.
Com uma grande predominância das mulheres em trabalhos a tempo parcial e menos qualificados, as reformas laborais na Europa são também apontadas como um dos principais focos de discriminação. A eurodeputada Inês Zucker, membro da FEMM, considera que em Portugal “o congelamento de salários e a retirada subsídios” têm sido alguns dos maiores golpes para as mulheres, apontando ainda que em 2010, no sector da indústria, as trabalhadoras ganhavam menos 32% que os homens que desempenhavam as mesmas funções.
Dois dos diplomas que poderiam ajudar a colmatar algumas das situações de maior desigualdade entre homens e mulheres na União Europeia continuam pendentes. Um deles é a proposta da Comissão para a inclusão de uma cota de 40% para cargos não executivos nas maiores empresas europeias, ao qual alguns países europeus, como, por exemplo, a Alemanha se opõe de veemente e outro é a directiva encabeçada por Edite Estrela, vice-presidente da FEMM, sobre o alargamento das licenças de maternidade para 20 semanas com pagamento integral nos 27. “O Conselho Europeu tem-se recusado a tomar posição para impedir que se inicie processo negocial” acusa Edite Estrela, sublinhando no entanto, que o Parlamento Europeu não está parado e vai insistir na rápida aprovação da medida.
Por Catarina Falcão, publicado em 8 Mar 2013, em http://www.ionline.pt/portugal/mulheres-sofrem-mais-austeridade-os-homens
TERTÚLIA - Quinta-feira 7 de Março, 21 horas, IPDJ
Convidadas:
Etelvina Verónico (Operária)
Filipa Mendes (advogada)
Helena Rebelo (Enfermeira)
Lúcia Simões (Responsável pela comunicação - FNAC – Viseu))
Manuela Antunes (Presidente da CPCJ - Viseu)
Maria Faustino (Professora)
Rita João (Arquiteta)
Susana Borges (Psicóloga Clínica)
Ainda com intervenções de:
Iara Rolim (Terapeuta Ocupacional)
Irene Martins (Técnica do IPDJ - Viseu)
Manuela Cruz (Voluntária)
Paula Santos (Desempregada)
Rosário Nascimento (Comerciante)
Célia Rodrigues (Fisioterapeuta)
Moderadora / oradora: Filomena Pires
(Membro da Direção Nacional do MDM)
Participação Especial: Grupo GIRAFOLES
(GRUPO FEMININO DE GAITAS DE FOLES) Campo – Viseu
O MDM- Núcleo de Viseu, em parceria com o IPDJ leva a efeito, a partir de hoje, 4 de Março, nas instalações daquele Instituto, um programa diversificado de iniciativas comemorativas do Dia Internacional da Mulher.
Até dia 28 de Março, podem ser visitadas as seguintes exposições:
Dia 7 de Março, pelas 21 horas, realiza-se a Tertúlia “Se eu não fosse mulher… caminhos da desigualdade, identidade e diferença”
No dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, pelas 21h15, serão representados os “Monólogos da vagina” de EVE ENSLER, pelo Grupo “Molhe de Grelos”, com encenação de Ana Lopes seguido de debate sobre a violência exercida sobre as mulheres, animado pelo MDM.
A comemoração integra ainda a distribuição de rua de um documento alusivo à efeméride.